quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Sassetti e Do Carmo – Dupla genial


2010 terminou com um disco grande de música portuguesa. O pianista Bernardo Sassetti e o fadista Carlos do Carmo juntaram-se para se reinventarem e reinventarem alguns temas bem conhecidos da nossa música. Foi um disco que não faltou debaixo da minha Árvore de Natal. Não para ficar cá em casa, mas para oferecer. Já o ouvi de fio a pavio. É um CD duplo, com músicas de autores tão díspares como José Afonso, “Cantigas de Maio”, Carlos Tê e Rui Veloso, “Porto Sentido” ou Sérgio Godinho, “Lisboa que amanhece”. A música internacional também marca presença, através de temas de Violeta Parra, “Gracias a la Vida” e Jacques Brel, “Quando on n’a Que L’Amour”, por exemplo. É um disco grande que, a meu ver, só resulta por ter mesmo os dois intérpretes, Bernardo Sassetti e Carlos do Carmo. A junção dos dois talentos é fabulosa. E por mais que Carlos do Carmo seja uma das melhores vozes masculinas portuguesas, sem o som irrepreensível de Bernardo Sassetti, o disco não valeria o que vale. É engraçado ver como os nossos gostos se vão aprumando. Desde que me lembro de mim que me lembro da voz de Carlos de Carmo. Ou pelos discos da minha avó ou por programas de televisão, mas nessa altura, a da infância era, como dizer, um músico longínquo. Como se o que ele cantasse não fosse para mim. E não era. Era para os meus pais, meus avós. Sei lá. Mas hoje, não só porque eu cresci, mas também porque Carlos do Carmo conseguiu sempre reinventar-se (e não será isso que faz de um artista, um grande artista), sei que toca para a minha geração, mas também para os mais antigos. E este álbum é a prova disso, da transversatilidade. É um disco com o selo da Universal e com certeza um marco na discografia nacional.

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